sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Até que PARA SEMPRE nos separe.

 


Quando o coração bate forte por alguém, a primeira coisa que pensamos é que essa pessoa é perfeita, e que esse amor vai durar para sempre.

Mas, e quando descobrimos que aquele amor não é perfeito, e que “sempre” pode ser um tempo limitado?

Vale a pena insistir, apostar numa virada de jogo, esperar com dedicação por tempo indeterminado?

Vamos acompanhar esta história e tentar encontrar respostas para essas perguntas.

1980. Simone, de 24 anos de idade, festeja sua formatura  do curso de enfermagem.

Já saía da universidade com um trabalho. Isso tornava ainda mais gratificante os anos estudando duro e com muito sacrifício.

Mas, o que importava é que havia chegado lá, no auge de seu desejo, ser uma enfermeira trabalhando num conceituado hospital.

A expectativa era grande para seu primeiro dia de trabalho.

Meiga e simpática, não demorou a conquistar os novos colegas. Fez amizades nos primeiros dias.

Dentre todos eles, o coração bateu diferente por André, um enfermeiro já experiente, que demonstrou sentir o mesmo por ela.

Começaram a sair juntos e o sentimento foi fluindo e aumentando, até que começaram a namorar.

No trabalho e fora dele, existia uma sintonia entre os dois namorados cada dia maior.

André dizia ter dificuldades financeiras, devido a família grande e pobre, e Simone o ajudava sempre que podia.

Tinha um bom salário e dividia o apartamento com uma amiga.

Desta forma lhe sobrava algum dinheiro.

Passados dois anos, Simone conversou com André sobre os dois morarem juntos.

Ele disse que queria muito, mas precisa encaminhar seu irmão mais novo para que dividisse com ele o suporte à família.

Tentavam aproveitar o tempo de folga da melhor maneira possível, sempre com viagens curtas, mas prazerosas.

Em uma dessas viagens, um casal amigo de André se aproximou dele e perguntou pela família.

André disse que estava tudo bem e os amigos perguntram pelas mulher e os filhos.

Simone ia chegando e pode ouvir a pergunta, que embaraçou André.

O casal percebeu o constrangimento e se afastou. Agora a conversa seria entre ele e Simone.

Cartas na mesa! Disse ela.

André não sabia como contar para Simone que era casado e pai de dois filhos.

Viu o quanto Simone estava chocada e tentou acalmá-la da forma menos original possível: calma, Simone, não é bem assim.... na verdade eu fui casado e tenho dois filhos. Minha ex mulher e eu terminamos de forma muito difícil e evito falar nela.

Sim, e as crianças? - Perguntou Simone.

Quase não as vejo. Ela não me deixa ver as crianças. É sempre muito difícil. - Explicou ele.

Simone não conseguia sair do choque. Mil perguntas ao mesmo tempo perturbavam sua cabeça.

André tomou posse do momento e argumentou: minha querida, olhe bem, estamos aqui em viagem, e essa não é a primeira vez. E quantas vezes saímos juntos durante a semana e fins de semana?

Se eu fosse casado e morasse com minha mulher, isso seria possível?

Simone, olhou, pensou, ponderou... e sim, André tinha razão. Nenhuma mulher aceitaria isso.

Se sentiu boba e pediu perdão. Terminaram o resto do dia em plena harmonia de amor.

Pouco tempo se passou depois desse episódio.

Um dia André não foi ao trabalho. Simone ficou preocupada. Ligou para ele mas não teve resposta.

Pensou em ligar para a casa dele, mas lembrou que os pais já eram de idade e não tinham muita aproximação.

E se tivesse acontecido alguma coisa com ele, como diria isso à família?

Estava ficando desesperada e uma colega se apiedou dela e a chamou para conversar.

Simone, - começou ela. Eu não tenho nada com a vida de ninguém, mas vendo o seu sofrimento, eu preciso lhe dizer que André está bem. Aliás, bem e feliz. A filhinha dele acaba de nascer e ele está acompanhando a esposa que esconde de você.

Pode dizer que fui eu que falei. Se quiser te dou o endereço do hospital que ele esta agora.

Ela aceitou. Precisava ver. Precisava entender. Precisava da verdade para lhe tirar dessa falsa ilusão.

Foi, viu e conferiu a verdade mais terrível de encarar. Estava sendo enganada. Saiu dali devastada.

Recebeu uma ligação de André contando que teve um problema com os pais e não teve como avisá-la. Simone nada falou do que soubera.

À noite se encontraram normalmente.

Simone então, contou que sabia de tudo.

André insistiu que não era verdade e que saiu só uma vez com a mulher para tentar convencê-la a deixá-lo ver os filhos.

Ainda, que foi ao hospital como pai e estava tudo resolvido entre eles.

Que ela iria assinar o divórcio e assim que saísse eles casariam.

Simone se fez enganar. Sabia que ele mentia, mas pensou que seria difícil ficar sem André.

1995. André e as mesmas desculpas. Agora já assumia que vivia com a família por causa dos filhos, que logo eles estariam independetes e ele resolveria a situação.

2002. Simone dedicava sua vida a André e a construir a casa que seria deles, agora com os filhos adultos, o divórcio sairia breve. Simone ajudava André em suas despesas com o divórcio.

Fazia plantão extra para ajudá-lo no que sabia não ser verdade mas insistia em acreditar como se fosse a última coisa que lhe restava.

2010. Passados 30 anos, André já não era aquele rapaz das juras de amor. Simone tentou saber o que o fizera se afastar tanto.

Conheceu a casa, os móveis e todas a estrutura que André construíra para a família, com ajuda dela.

A casa que ela se iludiu pensando que um dia seria dela.

Agora ele não tinha mais o que esconder. Só tinha uma proposta para Simone: viverem para sempre de encontros fortuitos, como estava acontecendo ultimamente.

Simone olhou para trás, viu trinta anos de sua vida estagnados, parados como água turva num rio sem vida.

Numa decisão doída, deixou André junto às águas paradas e seguiu em busca de águas correntes.

Se aposentou e foi morar em um sítio longe da cidade. Mas não iria parar de ajudar aos outros. Acostumada a não cuidar apenas de si mesma, dedica-se a resgatar das ruas, gatos sua paixão que deu certo doentes e abandonados, e assim, resgatar também um pouco de si mesma.

E você, encontrou respostas ao longo dessa história?

19 comentários:

Vida disse...

Sim. Cada um só faz com o outro o que se permite( muitas desculpas envolvidas e pouca ação).

Rochela disse...

Não julgo Simone. As vezes o medo de ficar só, a carência faz a pessoas
se manter refém de si mesma. Lamnetável perder tanto tempo cm que não lhe deu valor. Ainda bem que ela acordou. Antes tarde do que nunca, já dizia minha avó.

Si Cardoso���� disse...

Uau, uma história de realidades. Assim acontece com muitos que se submetem a meia vida por medo de arriscar uma vida nova de outra forma. Ser feliz sempre tem que ser prioridade.

Ione M. disse...

Simone se deixou levar pelo queria que fosse real.
Teve chance de sair e lhe faltou coragem de enfrentar
a realidade. Uma pena. Ainda bem que retornou para um
caminho melhor e vai lhe fazr feliz. Os animais não decepcionam.

Steven disse...

Não tenha medo de lutar sozinho. Uma má companhia pode
trazer a mais amarga solidão. Simone ficou trinta anos
colado ao medo, ganhou a solidão que poderia ser evitada.
O bom da vida é que ela continua, e temos novas chances todos os dias.
Sorte à Simone e feliz pela sua nova escolha! Abraços ao pessoal do Blog.

Renata disse...

Não vale a pena esperar tanto por uma ilusão.
Ela soube desde o começo que era apenas ilusao. Se apegou numa vontade unilateral. Uma pena ter perdido tanto tempo esperando que alguem lhe fizesse feliz. Espero que recupe esse tempo sendo feliz com os bichinhos que amam com sinceridade.

Eduardo Chiarini disse...

Na minha infância, conheci a tia de um amigo que viveu situação semelhante.
Nao tenho noticias dela.
Triste situação, no entanto mais comum do que imaginamos.
Sem julgamentos tanto à Simone, quanto à André, penso que as pessoas muitas vezes, cientes e conscientes desses problemas, optam por vive-los, baseadas na esperança e na expectativa de mudanças que não correrão.

Lea disse...

A carência é uma corrente. Nunca pensamos que o tempo passa
e acreditamos no poder que não existe em mudar o outro.
O importante é acordar antes de morrer. Simone acordou.
Viva sua nova escolha!

Lucy disse...

A gente se engana com o sorriso e a dedicação...
A gente se deixa enganar por momentos que sabemos não ser o suficiente.
É uma triste realidade, mas quando pensamos na responsabilidade afetiva que o outro não tem, machuca!
Perder 30 anos... Tempo que não volta, conquistas que não são suas, família que não é sua...
A gente não muda ninguém... A gente pode até influenciar, mas o outro tem que desejar essa mudança primeiro.

dinah disse...

O amor as x cega as pessoas .Ela confiou demais nele e no fim perdeu anos da vida dela mas acho q ela foi feliz por um tempo .

Fátima Fonseca disse...

" cego é quem não quer ver"
Em algum momento a maioria de nós comportamos assim. Uns por um tempo breve outros num eterno anoitecer.

Alex disse...

I think somebody commented on it before...Simone was dreaming of what she wished could be. And I feel like it's so easy to fool ourselves, close our eyes in order to hold on to an idea because we want that idea to be real. But a dream is only worth holding on to when it pulls you up, beyond your limits, guiding you higher...the dream that keeps you stuck in your mind, or tied to something that no longer holds true, that's not a dream...that's an illusion. Illusions are fabrications, empty of any concrete satisfaction. The question then is not 'should you hold on to a dream'...the question is...'is your dream a real aspiration? or is your dream an illusion'? If a dream, then you have wings. If an illusion, then you have an anvil. Simone couldn't tell the different. What a sad waste of a life!

Eumacle Amaral disse...

Adorei este blog. Parabéns!!

July disse...

She wasted her time because of a wrong choice, for a wrong illusion.
Deceiving yourself is worse than being deceived by someone else.
May she redeem her time.
Good luck Simone!

Cecilia disse...

A gente vê e finge que não ver. Quem nunca? Mas viver
um engano por trinta anos e lamentável.
Quantas coisas poderiam ter sido constrídas nesse tempo?
Mas acordou a tempo de fazer algo que lhe fizesse feliz.
Essas hostórias trazem muitas lições. Agradeço ao blog por
compartilhar.

Observadores e atores da vida. disse...

Cinco Cantos thanks Vida, Rochella, Si, Ione, Steven, Renata, Eduardo, Lea, Lucy, Dinah, Fatima, Alex, Eumacle, July and Cecilia for their visit and their opinion.
Let's borrow an excerpt from Cecilia's comment here: "...but she woke up in time to do something to make her happy..."
We remember that the stories are real and that soon we will be publishing another one.

Cinco Cantos agradece a visita e a opinião de Vida, Rochella, Si, Ione, Steven, Renata, Eduardo, Lea, Lucy, Dinah, Fátima, Açex, Eumacle, July e Cecilia.
Vamos pegar emprestado um trecho do comentário de Cecilia: "... Mas acordou a tempo de fazer algo que lhe fizesse feliz..."
Lembramos que as historias são reais e que em breve estaremos publicando uma nova.

Boas Festas a todos.

Guilherme disse...

I'm sorry for the time Wasted, but wasting time let her find a beautiful reason. Life is the hope. Go forward, Simone!

Observadores e atores da vida. disse...

Very true Guilherme. Everything can be an opportunity!
We really appreciated your visit and comment.
Cinco Cantos will post a new story very soon!

Anônimo disse...

Muitas pessoas aceitam qualquer lixo de relacionamento, por medo de uma suposta solidão. Que bom que Simone não se acomodou e seguiu em frente.

Paixao.com

    “ Conheci um amor virtual, amor tão lindo quanto o real, sempre mando recados e depoimentos, mesmo distante tocou meus sentimentos.” ...