quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Amor sem fronteiras.

 


 

Desde muito pequena Lídia tinha dois sonhos: ser professora de Inglês e morar fora do País.

Compartilhava o segundo sonho com mais duas amiguinhas em suas brincadeiras.

Cresceram juntas, inseparáveis, e se preparavam para realizar o sonho estudando o idioma tão apreciado.

Se tornaram adultas e o sonho não mudou.

Lídia entrou para a faculdade de Letras, seria professora de inglês.

Raquel, era filha única, e com sua mãe doente, adiou o sonho para cuidar dela.

Estela descobriu uma tia que morava em um País que atendia a pretensão delas e foi para lá com a intenção de nunca mais voltar.

Amiga leal de Lídia, logo lutou para levar a amiga que foi com a promessa de só continuar morando fora se conseguisse a legalização.

Lídia conseguiu um trabalho freelancer e estudava à noite.

Não demorou e Lídia encontrou Andrew.

Se apaixonaram e tudo eram flores; sim, eram flores.

Mas no meio das flores surgia um espinho: a política de imigração mudou e o  governo decidiu que todos que não tivessem autorização de residencia (o caso de Lídia) deveriam deixar o País num prazo cruelmente curto.

Lídia comunicou à família que a lembrou da promessa de só ficar de forma legal.

Ela ficou triste, mas não falou nada para Andrew que seu visto de turista logo venceria.

A notícia da nova lei correu rápido, assustou e começou a destruir sonhos.

À noite, antes de ir encontrar-se com Lídia, Andrew passou na casa de sua mãe para lhe deixar algo que ela lhe havia pedido.

Sua mãe, que conheceu Lídia em uma festa de amigos com Andrew, lhe perguntou:

- Andrew, sua namorada é estrangeira?

- Ele respondeu que sim. Por que? Quis saber.

A mãe perguntou qual era a situação legal dela e ele disse que não sabia bem.

A mãe comentou sobre a nova lei sob pena de deportação e 10 anos sem poder retornar.

Momento difícil para os dois.

Ela iria lhe contar a situação. Ele iria procurar saber se a Lei de imigração poderia atingi-la.

Ela começou a falar, dizendo que logo teria que voltar para o seu País, que seu visto de turista iria expirar, que já havia sido renovado uma vez e não poderia ser renovado mais uma; assim, teria que ir embora dentro de dois meses.

Estabeleceu-se um silêncio entre os dois.

Andrew quebrou o silêncio perguntando se mesmo isso acontecendo ela esperaria por ele.

Lídia respondeu que sim. Tinham planos de ficarem juntos no futuro.

Dirigindo de volta para casa, Andrew falou para Lídia: Se nós vamos casar no futuro, por que não trazer o futuro para o presente?

Lídia, meio surpresa, perguntou: como assim? Andrew foi direto: Lídia, você quer casar comigo? Yes, I do, foi a resposta de Lídia.

Agora lutariam contra o tempo. Nenhum dos dois tinha dinheiro. Resolveram casar mesmo assim de forma simples, mas não foi o que aconteceu.

A mãe de Lídia tinha ido visitá-la e comentou a situação na congregação em que Lídia frequentava. Um local pequeno, ainda iniciando.

O Líder, amigo de Lídia e de sua mãe, disse à congregação que Lídia e Andrew iriam se casar e não tinham como fazer uma festa, e sugeriu a todos fazer parte desse sonho bonito. Assim foi feito.

Numa tarde de primavera, casaram ao ar livre, num lugar bonito, como Lídia sempre sonhara, com o vestido desejado, com tudo que pensou um dia.

Cinquenta amigos, solidários, completaram o momento de muita alegria para todos.

O casal teve direito até a lua de mel, em um hotel da cidade, presente dos convidados.

Aquela primavera foi há vinte anos.

Desde então, o casal comemora todas as estações do ano, em uma casa com quintal, duas crianças e dois cachorros.

Lídia e Andrew acreditam que o amor existe. E você?

Nota: Fazemos aqui uma homenagem póstuma a Raquel, que não conseguiu realizar seu sonho aqui na terra, como as duas amigas, mas viajou para uma dimensão maior. O amor existe e nós te amamos, Raquel, porque o amor não tem fronteiras!

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Pais e filhos.

 

Rodrigo e Ângela, adolescentes, namoravam há algum tempo, resultando em uma gravidez, à princípio indesejada por ambos.

Rodrigo falou com Ângela que estavam no início da vida e que queria estudar, trabalhar, enfim viver e sentir a vida, antes de ter a responsabilidade de criar um filho.

O instinto maternal falou mais alto em Ângela, que resolveu ter o filho.

O namoro terminou e Ângela, mulher bonita e jovem, mudou-se para uma cidade menor levando o filho.

Em função das dificuldades financeiras e da falta de oportunidades acabou trabalhando em serviços de acompanhantes, e com isto deixava o filho, já com oito anos, sozinho.

Uma tia, sabendo da situação entrou e contato e pediu para Ângela mandar o filho para ela, uma vez que já era mãe de uma criança na mesma idade e que poderia orientar melhor o filho dela, principalmente para que ele não ficasse mais sozinho.

O filho de nome Mateus morou muitos anos com a tia.

Rodrigo casou-se com uma mulher com um temperamento instável e agressivo, e logo tiveram um filho chamado Renato.

Rodrigo chamou o primeiro filho, Mateus, para ir morar com eles.

Mateus aceitou, julgando que finalmente teria a “sua” família.

Entretanto em uma das várias brigas do casal, inclusive com agressão física, a mulher de Rodrigo, irritada e fora de controle, exigiu que Rodrigo tomasse uma decisão: “ou o filho, Mateus, ou ela”.

Rodrigo, sem pensar muito no futuro, decidiu por ela.

O filho Mateus foi levado para a casa do avô paterno, onde encontrou todo o carinho e atenção.

Passaram-se anos e hoje Mateus se considera injustiçado pelos pais, tanto pelo pai Rodrigo, como pela mãe Ângela, e ainda, por todos aqueles que sempre o ajudaram.

Percebe uma predileção do pai pelo filho mais novo, Renato, e não se sente à vontade junto ao restante da família que sempre o apoiou.

Tornou-se um rapaz rancoroso e agressivo.

Rodrigo procura conquistar a confiança e o amor de Mateus, entretanto sem sucesso, talvez por aquela decisão tomada anos atrás.

Você, no lugar de Rodrigo, como agiria?

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Entre a cruz e a espada.

 


Os amigos sabiam.

Os vizinhos ouviam. Todos comentavam, mas não tomavam partido.

Ditado mentiroso que diz: “em briga de marido e mulher...”

Noemi já estava cansada de apanhar.

O marido mulherengo, chegava quase sempre bêbado e ela reagia e apanhava.

Tinham um filhinho de dois anos apenas. Ela se casou aos dezessete anos e nem terminou a escola fundamental.

Não tinha profissão, não tinha coragem de contar à família, só lhe restavam o medo e a vergonha.

Sempre que ameaçava ir embora, o marido “bom vivant” dizia para ela ir, mas que o filho ela não levaria.

Noemi sempre ficava sem reação esperando a próxima briga.

Um dia ele chegou, bateu nela de novo.

Cansada, Noemi disse: chega! Estou indo embora!

Ao que o marido respondeu: “Vá. Amanhã tem outra aqui. E mais, não leva nem as roupas que te comprei, nem o filho que te dei.”

Noemi saiu.

Sem rumo, sem ideia, sem filho, sem suas roupas...

Só a coragem e o limite estourado de aos vinte anos estar passando por tudo aquilo em nome de uma ilusão, uma desobediência.

Não ouvira os pais quando saiu de casa.

“Os mais velhos não compreendem os mais jovens, era o que dizia.”

Andou horas até chegar à rodoviária.

Só conseguia pensar em um lugar para ir: a casa dos pais.

Os mesmos que não compreendiam os jovens.

Mas ela iria, teve coragem de deixar até o filho para trás, teria coragem de dizer: errei. Me ajudem.

Não tinha dinheiro para a passagem de ônibus.

Ligou à cobrar para os pais e contou.

Seu pai lhe disse para vir, que a estaria esperando e pagaria a passagem, ela só teria que convencer o motorista.

Conseguiu e partiu.

Começou a briga maior de Noemi.

Pegar seu filho. Não conseguiu, só as visitas.

O juiz decidiu que a criança ficaria com as tias paternas que adoravam a criança.

Ele cresceu.

Se escondia nas visitas da mãe.

Era revoltado e dava trabalho.

Aos dezoito anos foi viver sua vida e nela se perdeu.

Se encontrou anos depois.

Sua mãe conseguiu contato com ele, o pai vivia afastado.

Noemi pensou que finalmente teria seu filho.

Ele estava perto, mas não consegue superar a separação quando criança.

A história que as tias lhe contavam era diferente do que a mãe lhe dizia.

Noemi desistiu de tentar convencer o filho.

Se entregou, pela segunda vez e espera pela sorte.

 

E você, o que pensa da atitude de Noemi?

Paixao.com

    “ Conheci um amor virtual, amor tão lindo quanto o real, sempre mando recados e depoimentos, mesmo distante tocou meus sentimentos.” ...