terça-feira, 24 de agosto de 2021

Quem resgatou quem?


 

Quando Laura nasceu foi uma alegria. Os pais demoraram muito a decidirem ter um filho. Eram ricos e queriam aproveitar a vida antes do compromisso eterno de serem pais.

Laura nasceu linda e, ainda, com o privilégio de nascer com as contas pagas.

Dinheiro não faltaria, amor também não.

Laura era tão especial que veio e não gostou desse mundo, se isolou em um mundo seu, criado por ela mesma.

Era altista e os outros tinham dificuldade em entender sua maneira especial.

Cercada de todo carinho, especialistas, melhores clubes, as tentativas de trazê-la para o mundo comum eram ineficientes.

Mas havia uma coisa que ela gostava muito, que aceitava com prazer, que era passear todas as tardes com a babá Eva, na orla perto de sua casa.

Em um desses passeios, um carro parou um pouco mais adiante e alguém atirou um cachorrinho pela janela do carro e saiu em disparada.

Laura ficou olhando aparentemente sem entender a cena e o cachorrinho ficou ali parado por instantes, como a se perguntar o que foi que eu fiz?

Eva, que adorava animais, ficou revoltada com abandono cruel e chamou o bichinho para perto delas, que se sentaram em um banco de pedra.

Ele veio. Devagar, meio desconfiado e Eva falava com ele que viesse, que ela iria procurar um abrigo para ele.

Ele se achegou, olhou para Eva e escolheu o colo de Laura. Coisa rara aconteceu. Laura abriu um sorriso como que entendendo a escolha.

Elas levaram o bichinho para casa o que não deixou os pais de Laura contentes.

Eva argumentou que seria só até o final do horário de trabalho dela, que ela o levaria com ela.

Laura reagiu.

Encontrou uma maneira de protestar, se abraçou ao cachorro e tomou posse.

Ninguém ousou contrariar Laura, se consolaram dizendo: amanhã ela esquece.

Não esqueceu.

Tentaram arrumar um local para o novo hóspede, mas Laura não permitiu.

Ele não seria um hóspede apenas, seria seu amigo, o amigo que a escolheu e a fez entender isso.

Ele virou o companheiro de Laura, em casa, na escola especial e nos passeios com Eva.

Era ele e só ele que conseguia tirar um sorriso da Laura, trazê-la para cá, para o mundo comum.

Os psicólogos aconselharam a deixar o cãozinho com ela, até que ela, por si mesma saísse da companhia dele.

Mas não foi como aconteceu.

A amizade só crescia, e resolveram escolher um nome para o amigo da Laura.

Escolheram Bob. Laura gritou: Não!

Estava certa, se o amigo era dela, quem lhe daria o nome era ela.

E para surpresa de todos ela escolheu o nome “Amigo”.

Mais do que justo e apropriado.

Ele era o único amigo dela.

A partir disso, Laura ficou mais tempo em terra, e já fazia desenhos, participava das músicas na escola, desde que “Amigo” estivesse junto.

Quase um ano depois do resgate, em um desses passeios pela orla, apareceu uma pessoa reclamando que o cão era dela.

Dizia que que alguém lhe havia roubado e que ela vinha, desde então, procurando por ele.

Eva levou o caso aos pais de Laura que se agarrava mais ao amigo como se estivesse percebendo o perigo de perdê-lo.

Um advogado aconselhou o pai de Laura a pedir provas de que “Amigo” pertencia de fato a essa pessoa, que mostrasse foto, indícios da procura, o nome dele, qualquer coisa.

Ela se negava

E prometeu entrar na justiça para pegar o seu cão de volta.

O pai de Laura disse para ela ir em frente.

A mãe de Laura lhe ofereceu dinheiro pelo cãozinho.

O Advogado orientou a procurar a justiça e acabar com essa ameaça.

A mãe de Laura, procurava uma saída pacífica, preferia pagar e se livrar do risco.

E você, que postura defenderia?

 

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Perdas e danos.


 

Fábio e Raquel se apaixonaram.

Um casal jovem e bonito. Fábio, muito impulsivo, quis logo casar, sendo que no primeiro ano de casados nasceu Paulinha.

Raquel era impulsiva tanto quanto Fábio, e não demorou muito para o casal pôr um fim a um casamento de 4 anos, de forma nada amigável.

Paulinha, a filha, era a paixão do Fábio.

Raquel o proibiu de ver a filha, o que feriu profundamente Fábio.

Entretanto, ele não lutou pelo seu direito de ver a filha e saiu de cena.

Não demorou muito e Fábio se apaixonou novamente.

Não pensou duas vezes e casou pela segunda vez, tendo uma linda filha de nome Eduarda, encantando novamente Fábio.

O casamento era cheio de indas e vindas e Eduarda mal completou dois anos, veio a separação dos pais.  Tumultuada e mais confusa que a primeira.

Com o coração já ferido, Fábio, que acreditava ter superado a dor de perder Paulinha, agiu da mesma forma, deixando Eduarda para trás e indo para uma cidade do outro lado do País.

Queria vida nova, começar de novo e sonhava desfrutar a vida de forma descompromissada e intensa.

Neste período Fábio conheceu Deise, que era muito diferente de Fábio e, em uma mistura de paixão e amor, o casamento deu certo.

Tiveram dois filhos. O tempo passou e Francisco, o mais velho, ouvindo a história de que tinha duas irmãs lhe acendeu o desejo de conhecê-las.

Uma tarefa difícil, uma vez que não tinha nenhuma pista.

Francisco, já com dezessete anos, com a ajuda das redes sociais, contou a sua história, demonstrando que gostaria muito de encontrar suas irmãs, acrescentando os detalhes que seu pai, Fábio, lhe contara.

Paulinha, já moça, trabalhava em uma empresa de publicidade, e era atuante nas redes sociais.

Viu a história de Francisco e ficou impressionada com a coincidência dos detalhes narrados com a sua própria história de vida.

Ficou perturbada e não quis contar nada para mãe que ainda nutria rancor por Fábio.

Procurou sua melhor amiga e colega de trabalho e lhe contou a história.

A amiga deu todo suporte à Paulinha e a consolou, contando que isso acontece com muita gente, inclusive com ela.

Que poderia ser outra pessoa, até porque a história também era parecida com a dela, Eduarda. Sim, as amigas compartilhavam da mesma história, do mesmo pai e do mesmo irmão.

Eram irmãs e só o destino sabia até então.

As duas se olharam e choraram muito. Procuraram o Francisco que mostrou mais provas de que os três eram os irmãos perdidos.

As duas conversaram por telefone com Fábio, mas confessaram a dificuldade de entender o abandono.

Fabio tenta provar o quanto se arrependeu pelo seu erro e assume a culpa. O tempo dirá se as filhas o perdoarão e tentarão recuperar o tempo que não volta mais, mas, que poderá trazer um tempo novo para a nova família.

E você, perdoaria o Fábio?

 

Paixao.com

    “ Conheci um amor virtual, amor tão lindo quanto o real, sempre mando recados e depoimentos, mesmo distante tocou meus sentimentos.” ...