quinta-feira, 11 de novembro de 2021

No divã da vida.

 


As pessoas tem personalidades, critérios e comportamentos diferentes diante da vida. 

Esta nossa história traz esta questão para refletirmos sobre o comportamento distinto de duas pessoas com personalidades diferentes. 

O amor resolveu se encaixar entre essas diferenças, deixando aos seus protagonistas a questão de até onde se deve confiar em alguém tendo por base apenas os sentimentos.

Lucas aos 19 anos de idade teve uma experiência pessoal intensa.

Desde então resolveu se dedicar à religião de forma radical, isto provocou o fim de um namoro da adolescência e o fez fechar-se para o mundo em um comportamento quase celibatário.

Inteligente, culto, rico, muito educado e gentil, que com o passar dos anos muitos outros rapazes por admiração, o seguiam nesse determinação. 

As moças o achavam perfeito e sonhavam, cada uma, em um dia ter para si, essa jóia rara. 

Incontáveis jovens viviam ao seu redor apaixonadas, se fechando para qualquer outro relacionamento.

Enviavam cartas, declarações e cada uma se mostrava mais perfeita do que a outra. Isso alimentava em Lucas o ego natural do ser humano em sua carência emocional. 

Lucas se contentava com isso, e era feliz assim, segundo ele.

Vinte e um anos se passaram desde sua decisão e continuava acompanhado das mesmas pessoas, principalmente das jovens, que já não eram tão jovens, que abdicaram de um relacionamento na juventude, na esperaça de um dia tomar posse desse príncipe.

Visitando um amigo, Lucas conheceu Linda, uma jovem bonita no nome e na pessoa. 

Era uma garota de 18 anos, de personalidade forte e não conhecia muito sobre ele. 

Sabia apenas que era religioso e amigo de seu pai. Se encantou! 

Queria saber se era casado, pela idade que na verdade não aparentava, e para saber se os olhares dele para ela tinham outras intenções.

Pediu à sua irmã, mais jovem, que adorava uma brincadeira, que investigasse e sondasse sobre os olhares de Lucas lançados à ela na hora do jantar.

Sua irmã fez conforme lhe foi pedido e em termos da brincadeira proposta, cumpriu sua missão.

Lucas não negou que achou Linda realmente muito bonita, mas tinha a determinação de não se envolver com ninguém, além do mais, Linda lhe parecia muito jovem.

Perguntou quantos anos tinha, e a irmã, mentindo, disse que não sabia bem, que era confusa com estas questões de idade e que iria perguntar à irmã.

Linda não querendo que a idade lhe fosse um empecilho, pediu à irmã que dissesse que tinha 21 anos.

- 21? Mas você tem 18!

- Tinha 18 anos, agora tenho 21 e corre lá e conta. – E a irmã contou.

Mesmo achando a garota muito jovem, já que ele estava em seus 40, ficou pensativo.

Tentava convencer-se de que 19 anos (acreditava que a idade de Linda era 21) não era tanta diferença assim. Não percebia, mas já estava se sentindo envolvido e procurando justificativas para experimentar aquela sensação nova.

Religioso como era, já em casa, rezou e meditou, mas não conseguia se concentrar em mais nada que não fosse encontrar um meio de ficar perto de Linda. 

Teve uma idéia brilhante: seria amigo dela e da Irmã que lhe parecia mais extrovertida.

Assim, quem sabe, manteria Linda só para ele sem ter que quebrar seu propósito religioso e nem perder suas admiradoras.

Começaram os convites para celebrações, lanches, sorvetes, coisas dessa fase gostosa de descoberta.

Ele ficava sem graça perto de Linda, e ela aproveitava para chegar cada vez mais próximo. 

A irmã se divertia com a situação.

Aniversário de Linda. Lucas pediu à irmã que lhe comprasse um presente, disse que não era bom nessas coisas. 

Perguntado sobre o limite de preço, respondeu: - Sem limite. Não importa o preço. Compre algo que a agrade muito.

Palavras passadas pela irmã para Linda que a proibiu de comprar qualquer coisa.

 Disse: - não compre nada. Se ele quiser, que compre. Eu vou falar com ele.

 Foi, e foi direta:

- Agradeço muito a intenção do presente, mas dispensei. E por que tanta generosidade?

- Preciso lhe dizer que não pretendo ser apenas sua amiga ou viúva esperançosa, como as “duzentas” que andam atrás do “senhor.”

- Muito me incomoda sairmos escondido, uma vez que o “senhor” é solteiro, e tendo uma situação financeira equilibrada, é certo que não deve nada a ninguém. Então, paramos aqui!

Lucas realmente estava amando Linda. Estava realmente interessado e concordou que continuar dessa forma não era confortável inclusive para ele.

Começou o namoro, chegou o noivado e o casamento se aproximava.

A notícia chocou a comunidade e suas admiradoras menos persistentes se afastaram.

Restaram aquelas que acreditavam que rezando impediriam a tragédia (para elas) do casamento de Lucas.

Linda considerava a cerimônia do casamento muito importante e tinha sonhos e fantasias com o evento.

Queria algo bonito e para poucas pessoas. 

Lucas, ao contrário, queria algo para muitas pessoas, pois tinha muitos amigos, mas sem ter que gastar muito dinheiro. 

Apesar de rico, era apegado ao cobiçado metal.

Não conseguiam chegar a um acordo.

A moça não abria mão da festa que sonhou e Lucas não achava isso importante.

O pai dela só faria a festa da forma que ela preferisse e não tinha como bancar uma festa com tantos convidados como Lucas queria.

Lucas pediu que Linda o deixasse organizar tudo, que faria de forma que a agradasse, inclusive o local para lua de mel seria uma surpresa, presente dele para sua amada.

Ela queria escolher junto, ele pôs em questão a confiança dela nele e se mostrou magoado.

Batalha vencida por Lucas. Ela entregou seu sonho nas mãos do noivo e detalhou como sonhara, ao que ele garantiu: - confie em mim!

Ela confiou.

Dia do casamento. Expectativa dobrada pela noiva, que esperava o melhor para aquele dia.

Estava literalmente linda!

Local da cerimônia lotado. Quase dois mil convidados, como queria o noivo.

E onde acomodar tanta gente? No lugar mais óbvio que o noivo encontrou: do lado de fora do local da celebração, para aqueles que não chegaram cedo.

Por fora parecia bonito, mas muito, muito longe do que Linda queria, resultando em cobranças diárias que durarão enquanto houver casamento.

A lua de mel? Bem... a lua de mel é outra história que prometemos contar.

E você, confiaria outra vez uma decisão importante a Lucas?

E para Linda, foi justo o preço pago por ter mentido a idade e se envolvido com alguém experiente e manipulador?

E as admiradoras, valeu a pena empenhar sua juventude em esperança sem compromisso?

E você, leitor, qual sua opinião no divã da vida?

  

 

16 comentários:

Rochela disse...

Comigo já nem teria casamento. Linda errou quando não deixou Lucas
na igreja curtindo os amigos. Exemplo de mau caratismo esse noivo.
As bobas que esperaram por ele não tenho dó, foi uma escolha. Mas creio que ele deu abertura recebendo as declarações. Tem gente pra tudo!

mantoliva disse...

Para mim ele não a ama, e conquista, auto afirmação, a ponto de tentar presentes sem limites, me parece querer comprar e não amar!

Vida disse...

Ela foi permissiva, se anulou e ocasionou muita frustração e para ele foi conveniente.

Pauline disse...

Concordo com Mantovila. Era só conquista, não era amor. Amor vem acompanhado de respeito. Linda inexperiente. Lucas egoista, jamais seria bom qualquer coisa. Quanto as bobas que empataram a vida por ele, fizeram por escolha própria mas tem ele deve ter dado alguma esperança.
"A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la" [Augusto Branco].

Unknown disse...

Lucas tem milhões de sósias insensíveis como ele e Linda precisa parar para analisar a situação, antes de mergulhar de cabeça.

Eduardo Chiarini disse...

Penso que temos o desprazer de ver enredos semelhantes a este em todos os dias.
Pessoas que se admiram mais do que os que os rodeiam, que seus desejos e convicções são melhores e mais importantes do que os dos outros.
Enfim, Lucas me parece ser bem assim, enquanto Linda, talvez pela imaturidade, deixou-se levar. Sempre há o tempo para repensar nas decisões.
Parabéns Cinco Cantos pela historia.

Alex disse...

Se ela ama Lucas tem que dar a oportunidade de provar que ele merece a confianca.
Tenho entrado com uma mentira, como e que ela pode cobrar confianca? Esse tipo de 'brincadeira' sempre tem um preco. E as vezes, na urgencia de realizar um sonho, muita gente se engana e acaba se arrependendo...
Qualquer pessoa que se deixa levar pelas decicao de outros...numca recupera o que perde na espera.
Eu, por min...eu sei que e facil falar quando voce esta fora da circumstancia...mas...nao concordo com Linda ou Lucas. Os dois precisao amadurecer bastante para fazer esse casamento dar certo.

Lea disse...

Todos o dias encontramos Lindas e Lucas. Os dois tem defeitos e os dois precisam se ajustar à proposta de amar.
Eu diria que tentassem um conselheiro de casais e tentassem um caminho de se perdoar.
Linda precisa tentar amadurecer. Lucas precisa curar, sua carencia e autoestima baixa sem ferir os outros ou envolver ninguém que acabe machucado.
linda imatura. Lucas Inseguro e carente. Sort aos dois.

Steven disse...

Excelente história que ensina muito a quem prestar atenção. Me permitam reportar-me ao início de sua narrativa:

"As pessoas tem personalidades, critérios e comportamentos diferentes diante da vida.
Esta nossa história traz esta questão para refletirmos sobre o comportamento distinto de duas pessoas com personalidades diferente"

Tudo esse preâmbulo é definido lá atrás, no começo da vida, de nossas primeiras frustrações. Linda e Lucas têm inseguranças e carências que merecem ser tratadas. Se perdoando, crescendo e entedendo que liberdade nos fortalece e ser livre é muitas vezess doar-se. Linda se doou e Lucas não aproveitou a chance. Hora de uma boa conversa, um abrir a porta para o que mais importa: o amor. Brigas são naturais, fortalecer-se aprendendo com elas é fundamental. Felicidades aos dois!

Cecilia disse...

É muito difícil acreditar em alguém e ser sentir traído. Eu me sentiria assim.
Lucas deve muito à Linda que não deveria ter mentido a idade. Talvez assim tivesse não tivesse caído nessa rede furada de uma pessoa cheia de insegurança.
Ao lucas, uma musica de Rita Lee. DEUS ME LIVRE E GUARDE DE VOCÊ!

Navena disse...

Opiniões diferentes é natural e saudável. Não é o caso dos dois.
Linda se mostrou voluntariosa, mentindo a idade para garantir
a aproximação com Lucas. Lucas egocêntrico, valorizando a vontade dele sem tentar entrar em um acordo com a noiva e a deixando de fora de suas escolhas. Para mim é muito claro que já tinha em mente o queria fazer. Manipulou a situção, usou a imaturidade dela. Um casamento é cumplicidade, os dois olhando para o mesmo lado. Esse foi um casamento que não deveria ter acontecido. Mas se houver amor, tudo vai sair bem. Desejo sorte ao casal.

Anônimo disse...

Linda muito ingênua. Nunca deveria ter deixado o noivo escolher
tudo sozinho. Ele foi um aproveitador. Tirou partido da situação e fez o que ele queria. Não merece perdão. Imagino a lua de mel, pra onde sera que ele a levou? Cesteiro que faz um cesto faz um cento.

Ione M. disse...

Os dois precisam de alguém com maturidade orientá-los. Lucas, embora mais velho é tão imaturo quanto a Linda de 18 anos.
Torcendo para entendimento entre eles. Sou a favor do amor.

Observadores e atores da vida. disse...

Cinco Cantos agradece a visita e a opinião de Rochela, Mantoliva, Vida, Pauline, desconhecido(a), Eduardo, Alex, Lea, Steven, Cecilia, Navena, Anônimo(a) e Ione M.
Realmente uma história muito interessante que permite diversas possíveis interpretações, todas elas, sem exceção, com seu conteúdo de sabedoria e de verdade.
Lembramos que as historias são reais e que em breve estaremos com mais uma historia.
Cinco Cantos agradece novamente o carinho e a participação de todos.

Renata disse...

Quando uma pessoa lhe pedir: confie em mim, tire os sapatos e CORRAAAA!!!
Confiança é trabalho e não cai de bandeja.

Anônimo disse...

Acho que os dois foram imaturos. Os dois quiseram fazer valer a própria vontade. O casamento era um sonho para os dois ... Deveriam ter tentado entrar em acordo.

Paixao.com

    “ Conheci um amor virtual, amor tão lindo quanto o real, sempre mando recados e depoimentos, mesmo distante tocou meus sentimentos.” ...