“Eu estava dormindo e me acordaram
Foi assim com Sandy, Uma adolescente de 13 anos que ainda dormia em sua meninice quando a vida lhe acordou.
Filha mais velha dos cinco filhos de Dona Elomar e seu Cássio, estava ainda vivendo os sonhos de seu começo adolescente quando sua mãe perdeu a luta contra um câncer e morreu ainda jovem.
Seu Cássio era
um homem já maduro, havia casado depois de seus 50 anos de idade e quase não
tinha força agora para trabalhar e cuidar dos cinco filhos.
Além de tudo,
a perda da esposa ainda jovem e os filhos para cuidar, o fez enfrentar uma
depressão profunda.
O primeiro ano
foi de muita luta para Sandy, que via o pai definhar a cada dia, mas era preciso
cuidar dos irmãos.
Em pouco tempo
perdeu o pai também, e sozinha, teve que acordar “num mundo estranho e
louco...”
Foi trabalhar
aos 14 anos de idade e se dividia entre cuidar de casa, 4 irmãos e o trabalho
para sustentar-se e aos irmãos.
Virou menina
grande antes do tempo. Virou mulher!
Criou aversão
à palavra morte e sempre que alguém morria passava por um processo de
sofrimento.
Aos dezenove
anos, os irmãos já mais crescidos a ajudavam nos afazeres da casa.
Cada um tinha
uma função, mas, como Sandy adotou o papel de mãe, sempre pegava a maior parte
para si, acostumando-os mal e dependentes dela na maior parte de tudo.
Parou os estudos
quando Dona Elomar morreu e com isso sentia muita frustração.
Pensava em
estudar à noite, mas com que força? A tristeza era sua companheira constante,
mas não podia chorar. Precisava ser forte.
E cada dia
mais entrava num mundo de introspecção. Não lembrava mais dos sonhos de
criança, nem das aventuras de adolescente.
Se sentia
cansada e não via esperança de uma vida nova.
Mas a vida tem
suas surpresas boas, e lhe trouxe Joca, um rapaz bom que morava na vizinhança.
Conhecia a
história de Sandy e começaram uma amizade que virou namoro, que virou noivado e
quase casamento.
Animada com o
raio de esperança que a vida lhe dava naquele momento, não acreditou quando a
irmã de Joca chegou para lhe trazer uma notícia ruim: Joca sofrera um acidente
de carro.
— Acidente?!
Como? Ele saiu hoje cedo feliz...
— Eu sei,
querida. Nós também estamos chocados.
— Mas em qual
hospital ele está? Quero ficar com ele.
Sandy entrou em
desespero. Um medo de perder seu amor, seu futuro marido, provocou uma crise
nervosa que piorou quando soube que o acidente havia sido fatal.
Chorou,
gritou, e perdeu mais uma vez a graça para viver.
Os dias se
passaram, os anos também e Sandy na mesma tristeza.
Os irmãos
agora adultos, a ajudavam um pouco mais. Mas ela se via na obrigação de dar
muito mais do que eles buscavam.
Havia se
prometido e se comprometido a isso, pegando esse compromisso como objetivo de
vida.
Todos esses
episódios fizeram com Sandy se perdesse de si mesma, e já não era aquela pessoa
que acreditava na esperança.
Tornou-se dura
e possessiva com seus irmãos e com os raros relacionamentos que surgiram na
vida.
Casou aos quarenta
anos, mas vivia uma vida de inferno na terra.
Não sabia se
controlar e nem controlar a depressão que lhe acompanhava desde a morte de seu
noivo.
Era dominada
pelos remédios e sem eles virava fera, agressiva. Os irmãos se afastaram
devagar, não queriam ser dominados pela irmã mandona e descontrolada.
Quando o
marido ficou doente, as brigas aumentaram. Queria que ele fosse ao médico e ele
resistia.
Sandy vivia em
pânico, temia que o marido morresse a qualquer momento e foi o que aconteceu.
Foi o fundo do poço.
Por três anos
se entregou à depressão e nada a fazia mudar seu comportamento nem ouvir os
médicos.
Um amigo se
aproximou, tentou ajudar. Deu atenção e todo cuidado que Sandy nunca tivera.
Isso a judou e
por consequência se apaixonou pelo amigo.
Experimentou a
alegria depois de tanto tempo. Saiam juntos, riam, uma amizade mais que
profunda, quase um namoro não fosse o fato de Jetro ser casado.
Em uma de suas
conversas, Jetro ficou atordoado com a confissão de Sandy, e disse que
lamentava isso ter acontecido tarde em sua vida.
Mesmo assim, continuou
a dar o suporte que tanto fazia bem a Sandy.
Ele se dizia
amigo, ela queria mais. Ele se dava mais e se negava ao mesmo tempo, evitando a
culpa da traição.
A intimidade
dos dois ia até dormirem juntos sem que tivessem um relacionamento de carne,
amor ou paixão como era o desejo de Sandy.
Jetro usufruía
de algumas vantagens, aproveitava da fragilidade e dependência de Sandy para usar de seus favores, sua ajuda em todos os assuntos de negócio e dinheiro.
Nada mais além.
Sandy foi se
sentindo usada e o chamou para uma conversa franca. Em sua franqueza, Jetro lhe
disse que sentia amor de irmãos, a via como amiga apenas, que não pensava em
deixar a família e começar uma nova aventura.
Além do
casamento de Jetro, existia uma diferença enorme de idade entre os dois.
Sandy tinha
medo disso também, dos 24 anos dele ser mais jovem que ela. Mas estava muito
envolvida e lutava para vencer o medo desse detalhe e simplesmente viver.
Pedia para se
afastarem, ele não obedecia. Brigavam e ela enlouquecia.
Se perdia no
desespero de ficar sem ele. Perdia o controle, e não havia remédios que a
deixasse com os pés no chão.
A cada
negativa de Jetro, o amor se modificava um pouco, e em muitos momentos virava
ódio, capaz de imaginar as piores formas de o machucar, se vingar por ele ter
aparecido em sua vida.
Não havia
conselho amigo que a acalmasse, que a fizesse entender que o melhor para os
dois seria mesmo se afastarem.
Ele quando ficava,
ela o agredia, quando ele ia embora, ela morria.
E assim, um
foi minando as forças um do outro.
Sandy apelou
para sua última tentativa: contaria tudo para a mulher de Jetro, acrescentando que
os dois tinham um caso, o que não era verdade.
Pensava que a
assim a mulher se separaria dele e ele ficaria só com ela.
Não funcionou.
Jetro e a mulher se entenderam e ele ficou mais longe ainda.
Acabou o
sonho, que era na verdade um pesadelo.
Sandy se
perdeu. Não queria mais viver. Se entregou à total desesperança.
Pensava estar
só. Um grande engano!
Apesar de toda
amargura em sua vida inteira, teve tempo
de dar o que tinha de bom à algumas pessoas sem nada pedir em troca.
Era generosa
com os poucos amigos, numa forma de dar aquilo que ela própria gostaria de
receber.
Esse amigos
vieram no momento certo. Abriram caminho com toda vontade que só os amigos tem.
Lutaram com
ela. Acamparam ao seu lado e a ajudaram a se levantar.
A vida é
curta, mas o caminho é longo e só para no fim do arco-íris.
Não, não era
tarde, todo tempo é tempo de se encontrar. É preciso apenas procurar-se, testar
e aceitar o desafio que se nos propõe todos os dias.
15 comentários:
Apesar da vida tão sofrida, ela nunca parou de lutar e tentar.
Mesmo passando por tudo isso, ela na pegou o"atalho" para o fim da vida. Não desistiu!
Com tantos lutos de pessoas queridas que teve que enfrentar e dependência emocional ela conseguiu vencer com a ajuda de " anjos"
Que caminhada dura mas ela se sustentou. Desejo muita sorte a Sandy.
Sandy, exemplo de coragem e de persistência em busca da felicidade. Parabéns!!!
Uma triste história, que igual a de muitos que pouco conhecemos, mas a luta e a não desistência de tudo mostra o quanto somos fortes.
Belíssimo conto. Sandy foi predestinada a não desistir. Aos poucos foi nos mostrando que a força e capacidade dentro de nós, é infinitamente grande. Às vezes não se nasce para ser amado(a). Às vezes se nasce para amar.
História tocante e realista!
Parabéns!
Abraços,
Diana Scarpine
Sandy tão forte e, ao mesmo tempo, tão frágil com tanto sofrimento esqueceu-se de amar-se, esqueceu-se de que a felicidade
não é ter é ser...
E que nem tudo que queremos, precisamos.
Aulas da vida nesta história.
Meus aplausos amigos! 👏
Um abraço, ❤️
Quando nos esquecemos de nós, mergulhamos no caos emocional.
É preciso muita luta para nos retomarmos. Sandy contou com amigos,
remédio eficaz para vencer qualquer luta. Que sorte!
Mais uma história que comove e nos ajuda a vivermos
preparados para as surpresas que a vida traz. Sandy é uma
grande guerreira e tomou sua missão. Pagou o preço e recebeu
a recompensa de amigos especiais. A vida também é justa.
Obrigada por compartilhar sua história, Sandy.Boa sorte!
Mando meu amor a todos do blog!
Cinco Cantos agradece a visita e comentário de DINAH,ANONÔNIMO,VIDA,
ROCHELA, EDUARDO CHIARINI, MANTOLIVA, ANÔNIMO, DIANA SCARPINE, ANA VILAREJO,
LEA e NAVENA. Nos sentimos honrados por cada opinião.
Lembramos que as histórias são reais e que em breve estaremos postando uma nova história.
Abraços!
A very hard road for her...I'm glad she found the strength to keep fighting!
Cinco Cantos Thank you kindly, Alex, for your visit and comment. We remind you that the stories are real and we'll publish a new one very soon!
👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
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