Felicidade
é um estado de espírito, pessoal e intransferível.
Há
pessoas nascidas com a disposição de ser feliz e com essa força.
Mas,
e quando tem pessoas lutando contra?
Vejamos
a história de Emília, uma mulher que não se quebrava fácil, e sabia exatamente
aonde queria chegar.
Casou
por amor, teve um casal de filhos, Inácio, o mais velho e Janete. Os dois quase
da mesma idade.
A
família tinha uma vida modesta mas confortável. Com algum esforço conseguiram
comprar a casa própria.
Enquanto
as crianças cresciam e quando tudo parecia bem, o destino levou seu Moisés,
marido de Emília.
Ela
ficou triste, abalada, mas ela não combinava com a tristeza, guardava seu Moisés
e as boas lembranças de seu amor dentro do coração, afinal, tinha duas crianças
ainda pequenas e precisa cuidar.
A
pensão deixada por seu Moisés não era suficiente, Emília então resolveu complementar a renda da família
fazendo o que mais gostava, que eram doces e
bolos, o que aliás, fazia muito bem.
Conversou
com a vizinhança, com uma loja de doces e na padaria de um casal de
amigos desde a juventude.
Tudo
acertado, começou o trabalho aumentando a renda que se tornou suficiente para
as exigências de Janete e os livros caros de Inácio.
Os
filhos cresceram, se formaram e cada um foi cuidar de sua vida.
Janete
era independente, mudou-se para morar sozinha onde desejava e lá fazer o que bem queria, sem se apegar a ninguém.
Inácio
casou jovem, os filhos vieram cedo e Emília começou a ser pouco
visitada por eles.
Cada
um com sua desculpa, o que ela entendia muito bem e não se queixava.
A
mulher de Inácio tinha ciúmes da sogra e não gostava das visitas frequentes que
ele fazia à mãe. Tratou de cortar.
Emília
só era bem-vinda quando o casal queria passear, e precisava de seus serviços
para cuidar das crianças.
Ela
gostava, afinal, era uma oportunidade de ficar com os netos com quem pouco tinha
contato.
Sua
alegria era fazer seus doces, ouvir os elogios e ter sua vida ocupada.
O
tempo foi passando e as visitas dos filhos foram ficando cada vez mais raras.
Emília
já estava em seus 82 anos e continuava ativa, disposta e trabalhando.
Inácio
conversou com Janete, dizendo que ficava preocupado com a mãe por não poder
visitá-la mais vezes, Janete encontrava uma desculpa, e assim, um jogava a
responsabilidade para o outro.
Emília
seguia sua vida sem cobrar nada de nenhum dos dois.
Uma
noite recebeu a visita de Inácio. Ela estava no meio de seus trabalhos e ele lhe
disse que já era hora dela parar e se aposentar.
Emília
retrucou brava:− Deus me livre! Não vou parar não. Pare você com essa conversa!
−
Mas, minha mãe, a senhora já está velha, não tem mais idade e nem precisa se
esforçar tanto.
−
Velha, eu?! Velho é você que não tem coragem de viver a vida. Sei muito bem
como são as coisas na sua casa. Vá cuidar dela e me deixe.
Inácio
não se conformou. Aproveitou uma das saídas de Emília e lhe tirou todos os
utensílios que ela usava para fazer seus doces.
Chegando
em casa, o encontrou sentado na sala e uma TV enorme instalada lá.
Ela
olhou meio desconfiada – que TV é essa, Inácio? Presente fora de hora?
—
Veja, minha mãe, eu conversei com a Janete e acertamos tudo.
A senhora precisa de sossego, já trabalhou muito na vida, precisa descansar.
—
Eu não estou cansada, meu filho. Muito pelo contrário. Vou continuar
trabalhando. Esperem eu ficar inválida, aí vocês fazem o quiserem de mim
— vou continuar! – disse Emília.
—
Veja só, minha mãe, para o seu bem, e sabendo de sua teimosia, eu e Janete
levamos as coisas de sua doceria.
Emília
não lhe deu resposta. Sentou-se à frente da TV e ficou olhando para ela amuada,
sem falar nada.
Sentiu
o coração partido, atraiçoado. Olhava a cozinha vazia e sentava em frente à TV
desligada.
Ficava
assim todos os dias, por horas, sentindo a alma entristecer.
Chegou
o dia de seu aniversário, os filhos certamente viriam com aqueles presentes que
ela detestava. Mais dois para esquecer na gaveta.
O
dia passou e os filhos não apareceram como era costume.
Ela
saiu e foi até a padaria, comprou um bolo, acendeu uma vela, comeu por ela e
por todos e foi deitar-se.
Rezou,
agradeceu e falou para si: — Feliz
Aniversário, menina!
Riu sozinha e dormiu feliz.
No
dia seguinte levantou cedo e foi até o hospital do bairro vizinho oferecer seu
trabalho voluntário.
Foi
bem aceita, trabalho ali não faltava. Saiu contente, se sentindo renovada.
E
por um ano foi assim, se sentindo útil,
jovem e animada.
Sendo
muito querida pelos colegas, no seu aniversário do ano seguinte ganhou uma
festa surpresa. Já nem lembrava como era bom festa de aniversário.
Voltou
contente para casa e lá encontrou Inácio à sua espera.
—
Aonde a senhora foi, minha mãe? Perguntou ele.
—
Andar um pouco, comemorar meu aniversário com umas amigas. Posso, ou estou
muito velha?
—
Não deboche, minha mãe. O que é essa jaqueta de voluntário do hospital com seu
nome?
Emília
não teve saída. Contou a verdade e foi reprovada como tudo que fazia.
Nova
reunião dos filhos e resolveram que Emília deveria vender a casa e comprar um
apartamento pequeno, perto da casa de Inácio.
Vendida
a casa, os planos mudaram.
Os
filhos a levaram para uma casa de repouso de boa qualidade.
Pensaram que lá Emília seria vigiada e não poderia mais surpreendê-los.
Emília
sabia que lutar com seus filhos seria uma batalha difícil. Mudou-se para o
apartamento da casa de repouso sem contestar.
Em
poucos dias já estava amiga de muitos e descobrindo nova forma de ativar sua
disposição.
Começou
a escrever tudo que via com amor e sentimento. Fez um caderno de memórias, com a
visão do que observava.
Olhava
sempre além e colocava beleza nos traços mais simples que apareciam à sua
frente.
Tinha
seu local favorito, onde sempre no final da tarde se sentava e escrevia seus
pensamentos e seus olhares.
Um
final de tarde estava no seu abrigo sonhando e escrevendo, quando Alberto,
também morador da casa, se aproximou e perguntou:
—
Caderno de receitas?
—
Sim. Receitas de sonhos; de vida...
—
Posso ver? – Claro! – Respondeu ela.
Alberto
leu e ficou impressionado. Pediu o caderno emprestado e devolveu no dia
seguinte.
−
Você tem talento, Emília. Seus escritos são lindos! Eu gostaria, se não se
importar, de lhe presentear com um livro de uma escritora que admiro muito, aceita?
Assim,
nascia uma amizade além das letras. De encantamento mútuo
que apenas os muito próximos sabiam.
Emília
e Alberto, apaixonados, encontravam-se às escondidas todos os dias, como ela
preferia, para que ninguém lhe arrancasse mais uma vez sua escolha de vida.
Sendo
então...Secretamente Feliz!
A senhora precisa de sossego, já trabalhou muito na vida, precisa descansar.
— vou continuar! – disse Emília.
Riu sozinha e dormiu feliz.
Pensaram que lá Emília seria vigiada e não poderia mais surpreendê-los.
que apenas os muito próximos sabiam.
17 comentários:
Emília nos dá um exemplo de força de vontade e que querer é poder.
Aplausos para ela.
Uma historia bela de força de vontade, superação e amor.
Parabéns à Emilia... Secretamente feliz!!!
Parabéns ao pessoal do blog.
Uma linda história de vida. Não existe idade para ser feliz. A felicidade está dentro da gente. Parabéns, Emília!
Resistência e superação, isso é lutar pelo que se quer, abrindo caminhos, se reinventando e seguindo em frente. Impossível nao admirar Emília!
Obrigada por dividir essa história!
Balançar, cair e levantar, uma história de superação.
Eu agradeço ao blog pelas histórias que nos ajudam a enxergar o outro lado da ponte e nos incentiva muito. Obrigada!
É inspiradora a determinação de Emília!
Linda história! Parabéns!
Abraços,
Diana Scarpine.
Uma lição de determinação. Muita coisa a aprender com Emília!
Adorei a história!
Isso que eu chamo de empoderamento !!
Age really is just a number - you are only as old as you feel. Congratulations to Emilia for not letting her heart grow old, and choosing to live her life to the fullest.
Belíssimo
Simplesmente adorável !
Idade é um numero definido por você. A força está na vontade e coragem
de se obter o que se quer. Maravilhosa a decisão de Emília em ser feliz!
Me comoveu tanta determinação! Parabéns ao Blog, mando meu amor a vocês!
Não importa sua idade. Não importa as outras pessoas, o que importa mesmo é a sua coragem de fazer o melhor por si mesmo. História muito bonita!
Abraços
Idade não tira a vontade de viver, aproveitar e ser útil.
Fazer o que se gosta prolonga a vida.
História muito bonita de alguém que não se entregou a idéia
dos outros. Parabéns Emília, que outras Emílias aprendam com você!
Linda história, superação, força, felicidade. Salve Emília.
Cinco cantos agradece a visita e opinião de Vida, Eduardo, Anônimo, Lea, Cecilia, Diana, Cida, Desconhecido1, Alex, Desconhecido 2,Elke, Navena, Steven, Renata e @nlamorivda.
Concordamos que a idade é apenas um número, importando mais o que a pessoa faz para ser feliz e viver plenamente.
Lembramos que as histórias são reais e em breve teremos outra.
Cinco cantos is grateful for the visit and opinion of Vida, Eduardo, Anonymous, Lea, Cecilia, Diana, Cida, Desconhecido1, Alex, Desconhecido 2,Elke, Navena, Steven, Renata and @nlamorivda.
We agree that age is just a number, it matters more what a person does to be happy and live fully.
We remind you that the stories are real and soon we will have another one.
Lindo amei!
Continuem compartilhando essas histórias tão inspiradoras
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