Os amigos sabiam.
Os vizinhos ouviam. Todos comentavam,
mas não tomavam partido.
Ditado mentiroso que diz: “em
briga de marido e mulher...”
Noemi já estava cansada de
apanhar.
O marido mulherengo, chegava
quase sempre bêbado e ela reagia e apanhava.
Tinham um filhinho de dois
anos apenas. Ela se casou aos dezessete anos e nem terminou a escola
fundamental.
Não tinha profissão, não
tinha coragem de contar à família, só lhe restavam o medo e a vergonha.
Sempre que ameaçava ir
embora, o marido “bom vivant” dizia para ela ir, mas que o filho ela não
levaria.
Noemi sempre ficava sem
reação esperando a próxima briga.
Um dia ele chegou, bateu nela
de novo.
Cansada, Noemi disse: chega!
Estou indo embora!
Ao que o marido respondeu:
“Vá. Amanhã tem outra aqui. E mais, não leva nem as roupas que te comprei, nem
o filho que te dei.”
Noemi saiu.
Sem rumo, sem ideia, sem
filho, sem suas roupas...
Só a coragem e o limite estourado
de aos vinte anos estar passando por tudo aquilo em nome de uma ilusão, uma
desobediência.
Não ouvira os pais quando
saiu de casa.
“Os mais velhos não
compreendem os mais jovens, era o que dizia.”
Andou horas até chegar à rodoviária.
Só conseguia pensar em um
lugar para ir: a casa dos pais.
Os mesmos que não
compreendiam os jovens.
Mas ela iria, teve coragem de
deixar até o filho para trás, teria coragem de dizer: errei. Me ajudem.
Não tinha dinheiro para a
passagem de ônibus.
Ligou à cobrar para os pais e
contou.
Seu pai lhe disse para vir,
que a estaria esperando e pagaria a passagem, ela só teria que convencer o
motorista.
Conseguiu e partiu.
Começou a briga maior de
Noemi.
Pegar seu filho. Não
conseguiu, só as visitas.
O juiz decidiu que a criança
ficaria com as tias paternas que adoravam a criança.
Ele cresceu.
Se escondia nas visitas da
mãe.
Era revoltado e dava
trabalho.
Aos dezoito anos foi viver
sua vida e nela se perdeu.
Se encontrou anos depois.
Sua mãe conseguiu contato com
ele, o pai vivia afastado.
Noemi pensou que finalmente
teria seu filho.
Ele estava perto, mas não
consegue superar a separação quando criança.
A história que as tias lhe
contavam era diferente do que a mãe lhe dizia.
Noemi desistiu de tentar
convencer o filho.
Se entregou, pela segunda vez
e espera pela sorte.
E você, o que pensa da
atitude de Noemi?
3 comentários:
Não julgo a Noemi. A ideia dela era se livrar primeiro e pegar o filho depois.
Viver no inferno do abuso, seria destroçar a vida do filho mais do que as
mentiras das tias. Que todas as mulheres tenham essa força e se libertem.
Noemi, na minha opinião, em primeiro lugar quis se livrar da violência a que era submetida, para posteriormente ter consigo o filho.
Infelizmente as coisas ainda não aconteceram de acordo com o planejado.
Penso que Noemi agiu de forma correta e que os acontecimentos trarão luz à questão, revelando a verdade ao filho.
Agradecemos a visita e a opinião de Lea e Eduardo.
Um problema crescente de difícil solução, em todas as partes do mundo.
Cinco Cantos agradece.
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