segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Entre a cruz e a espada.

 


Os amigos sabiam.

Os vizinhos ouviam. Todos comentavam, mas não tomavam partido.

Ditado mentiroso que diz: “em briga de marido e mulher...”

Noemi já estava cansada de apanhar.

O marido mulherengo, chegava quase sempre bêbado e ela reagia e apanhava.

Tinham um filhinho de dois anos apenas. Ela se casou aos dezessete anos e nem terminou a escola fundamental.

Não tinha profissão, não tinha coragem de contar à família, só lhe restavam o medo e a vergonha.

Sempre que ameaçava ir embora, o marido “bom vivant” dizia para ela ir, mas que o filho ela não levaria.

Noemi sempre ficava sem reação esperando a próxima briga.

Um dia ele chegou, bateu nela de novo.

Cansada, Noemi disse: chega! Estou indo embora!

Ao que o marido respondeu: “Vá. Amanhã tem outra aqui. E mais, não leva nem as roupas que te comprei, nem o filho que te dei.”

Noemi saiu.

Sem rumo, sem ideia, sem filho, sem suas roupas...

Só a coragem e o limite estourado de aos vinte anos estar passando por tudo aquilo em nome de uma ilusão, uma desobediência.

Não ouvira os pais quando saiu de casa.

“Os mais velhos não compreendem os mais jovens, era o que dizia.”

Andou horas até chegar à rodoviária.

Só conseguia pensar em um lugar para ir: a casa dos pais.

Os mesmos que não compreendiam os jovens.

Mas ela iria, teve coragem de deixar até o filho para trás, teria coragem de dizer: errei. Me ajudem.

Não tinha dinheiro para a passagem de ônibus.

Ligou à cobrar para os pais e contou.

Seu pai lhe disse para vir, que a estaria esperando e pagaria a passagem, ela só teria que convencer o motorista.

Conseguiu e partiu.

Começou a briga maior de Noemi.

Pegar seu filho. Não conseguiu, só as visitas.

O juiz decidiu que a criança ficaria com as tias paternas que adoravam a criança.

Ele cresceu.

Se escondia nas visitas da mãe.

Era revoltado e dava trabalho.

Aos dezoito anos foi viver sua vida e nela se perdeu.

Se encontrou anos depois.

Sua mãe conseguiu contato com ele, o pai vivia afastado.

Noemi pensou que finalmente teria seu filho.

Ele estava perto, mas não consegue superar a separação quando criança.

A história que as tias lhe contavam era diferente do que a mãe lhe dizia.

Noemi desistiu de tentar convencer o filho.

Se entregou, pela segunda vez e espera pela sorte.

 

E você, o que pensa da atitude de Noemi?

3 comentários:

Lea disse...

Não julgo a Noemi. A ideia dela era se livrar primeiro e pegar o filho depois.
Viver no inferno do abuso, seria destroçar a vida do filho mais do que as
mentiras das tias. Que todas as mulheres tenham essa força e se libertem.

Eduardo Chiarini disse...

Noemi, na minha opinião, em primeiro lugar quis se livrar da violência a que era submetida, para posteriormente ter consigo o filho.
Infelizmente as coisas ainda não aconteceram de acordo com o planejado.
Penso que Noemi agiu de forma correta e que os acontecimentos trarão luz à questão, revelando a verdade ao filho.

Observadores e atores da vida. disse...

Agradecemos a visita e a opinião de Lea e Eduardo.
Um problema crescente de difícil solução, em todas as partes do mundo.
Cinco Cantos agradece.

Paixao.com

    “ Conheci um amor virtual, amor tão lindo quanto o real, sempre mando recados e depoimentos, mesmo distante tocou meus sentimentos.” ...